Fórum: A Psicanálise Versus A Sociedade de Controle SEGUNDA CONVERSAÇÃO PREPARATÓRIA: "Você quer mesmo ser avaliado?". "Você quer mesmo ser avaliado?" Na segunda conversação preparatória ao Fórum "A Psicanálise Versus A Sociedade de Controle", os participantes enveredaram por temas essenciais ao entendimento da atualidade: o Estado de exceção, o biopoder, a avaliação nas empresas e nas escolas, os limites da lei e a falta de limites dos contratos e do controle. Jorge Forbes comentou, inicialmente, a passagem da sociedade disciplinar para a sociedade de controle; o que as diferem, como evoluem. Mercado do Mental. Na sequência, Leny Mrech falou sobre o Mercado do mental. Evidenciou que a transformação do mental numa mercadoria a ser comercializada está associada à manutenção da divisão entre sujeito e mente, que nos remete a essa outra, cartesiana, entre corpo e pensamento. Através dessa divisão, o mental é visto como algo separado do sujeito, e o que se valoriza é a doença. A doença é, dessa forma, o objeto libidinal do interesse científico, mercadológico e midiático. Tal operação tem por conseqüência um escamoteamento da implicação e da responsabilidade do sujeito por seu comportamento.
Contrato, avaliação e controle. Avaliação na escola, avaliação e contrato no direito. Dorethee Rüdiger partiu da problemática expressa no livro Você quer mesmo ser avaliado? e apresentou o modo pelo qual a forma contrato, que antes era reservada ao mundo das trocas, vem se generalizando, abarcando, inclusive, as instâncias do legislativo e do judiciário. Relacionou esse fenônemo aos limites da soberania dos Estados nacionais diante da globalização. E ainda... retomou a discussão de Manuel Castells sobre a Sociedade em Rede para discutir as novas formas de relação das empresas e instituições. Palavra sem corpo, corpo sem palavra. Entrementes, para enriquecer a discussão, Jorge Forbes leu a carta Não à tatuagem biopolítica, escrita pelo filósofo italiano Giorgio Agamben. Trata-se de um manifesto contra os procedimentos de registro e fichamento impostos pelo governo dos EUA aos cidadãos que quiserem entrar naquele país. Agamben, que dava cursos na Universidade de Nova York, descreveu esse fenômeno com uma manipulação do "elemento mais privado e incomunicável da subjetividade: a vida biológica dos corpos." E expressou seu receio de que práticas como essa, que antes eram vistas como medidas excepcionais, impostas a criminosos, passem a ser consideradas normais. Sua carta foi publicada pela Folha de São Paulo do dia 18 de janeiro de 2004.
O neuromarketing e a "gana de concluir". Alain Mouzat discutiu o modo pelo qual empresas e instituições se utilizam de pesquisas baseadas em imagens cerebrais a fim de, por exemplo, tentar definir o comportamento do consumidor para melhor vender seus produtos. Há até mesmo quem acredite que a mentira possa ser localizada no cérebro, como é o caso das Forças Armadas americanas. A conversação terminou com perguntas, vontade de saber, e um encaminhamento para o próximo encontro, que você lê na nota a seguir. Nota: No dia 30 de maio, terça-feira, o filósofo Sébastien Charles, da Universidade de Quebec, Canadá, fará, no IPLA, uma conferência sobre A felicidade nas sociedades hipermodernas, articulada com o terceiro segmento do Fórum do dia 10 de junho. Rodrigo Abrantes |