Longevidade mapeada Qual o segredo para envelhecer bem? No projeto “Os 80+”, a Clínica da Psicanálise do Genoma investiga as características psíquicas que ajudam a chegar aos 80 anos com saúde e autonomia Liége S. Lise
E quais as características dos idosos que, assim como o ex-Beatle, conseguem envelhecer bem? É nesta pergunta que se concentra o Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo, na pesquisa “Os 80+”. O objetivo é construir um banco de dados com o DNA de mil pessoas acima de 80 anos que apresentam um bom estado de saúde física e cognitiva. Essas informações auxiliarão no entendimento das doenças e nos mecanismos genéticos da longevidade. Segundo a Dra. Mayana Zatz, geneticista responsável pelo projeto, o código genético de quem conseguiu completar oito décadas de vida, em um ambiente tão hostil quanto São Paulo, tem muito a dizer sobre como podemos aumentar nossa longevidade. O IPLA também participa desta pesquisa, com a Clínica da Psicanálise do Genoma. A Clínica se insere no trabalho a partir das seguintes perguntas: haveria a existência de uma peculiaridade psíquica comum aos participantes? Qual o diferencial subjetivo presente nessas pessoas? Guardando a singularidade com que cada pessoa se expressa, haveria características (como curiosidade, entusiasmo e espirituosidade, por exemplo) que poderiam ser elencadas como manifestações subjetivas presentes nessas pessoas? Em um Brasil que envelhece a passos largos – temos quase 15 milhões de idosos hoje –, este trabalho é da maior importância, pois a longevidade apresenta impasses dantes não existentes. Nas palavras de Jorge Forbes: “um novo velho está nascendo, não tanto o da experiência, como se dizia, mas o da criatividade: passado o tempo do embate pela vida, chega o momento de viajar na bagagem selecionada e de visualizar novos campos de pouso, longe dos asilos do mundo anterior. A psicanálise pode nos dar pistas”. A vida depende do sentido que emprestamos a ela. Em qualquer idade, a vida pede a cada pessoa a invenção de um estilo não padronizado e genérico de existir. Como será a invenção do amor, do trabalho e da diversão aos 80, 90 ou 100 anos? A trajetória dos “80+” talvez nos ajude a descobrir. |